Bruno Mazzeo e elenco de Muita Calma Nessa Hora 2

A parceria entre Augusto Casé, Bruno Mazzeo e Felipe Joffily voltou aos cinemas com pretensões de grande produção. No último dia 17 de janeiro, Muita Calma Nessa Hora 2 chegou às salas de exibição com cerca de 450 cópias em todo Brasil. Na primeira semana, no entanto, o longa perdeu a preferencia do público e ficou atrás de Frozen: Uma Aventura Congelante e Tarzan: A Evolução da Lenda.

A comédia nacional conseguiu a terceira posição do ranking, com 236 mil de público e renda de R$ 3,1 milhões. O sucesso do primeiro filme, em novembro de 2010, levou 1,5 milhões de espectadores aos cinemas, com o lançamento três vezes menor, 150 cópias e sem a participação da Globo Filmes. Apesar da estreia pouco alarmante, os produtores e o elenco estão otimistas com a nova obra e os maiores investimentos.

Novo contexto do roteiro

Dessa vez, a história das amigas Mari (Gianne Albertoni), Tita (Andréia Horta), Aninha (Fernanda Souza) e Estrella (Débora Lamm) se passa num festival de música realizado em Vargem Grande, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Outras participações do filme anterior voltaram, como Pablo (Nelson Freitas), Rita (Maria Clara Gueiros), o Chicleteiro (Lúcio Mauro Filho) e o paulista Augusto Henrique (Marcelo Adnet).

“Pensamos em fazer o encontro das amigas no Carnaval de Salvador ou no Maranhão, no entanto, seria mais uma viagem, igual à de Búzios. Portanto, decidi pelo habitat delas. E um show de música era propício para que todos os personagens do primeiro filme se reencontrarem”, explica Bruno Mazzeo, produtor e roteirista do longa.

Além disso, Mazzeo também atua no filme na pele do estereotipado cantor sertanejo Renan. “Não me inspirei em nenhum artista específico, porque é tudo igual. Me baseei no estilo, roupa, cabelão para cima e um sotaque do centro do país”, simplifica Mazzeo, durante a mesa redonda com a imprensa no Hotel Marina, no Leblon. Apesar das piadas requentadas do primeiro longa, Mazzeo, ao lado das roteiristas Rosana Ferrão e Lusa Silvestre, esbanja o tom crítico à nossa cultura pop. “Uma das chaves do humor é a crítica”, resume.

Convidados especiais

Com mais de 30 participações especiais, o novo filme é dinâmico e utiliza muito do princípio de esquetes humorísticas. Coincidir a agenda de todo o elenco foi um dos desafios do diretor Felipe Joffily, no entanto, sua maior preocupação estava relacionada a realização dos shows. Para produzi-los de forma fictícia, Joffily visitou festivais em São Paulo, gravou imagens e fez uma vasta pesquisa de campo. “Muito mais do que reproduzir um evento, eu queria transmitir a atmosfera desses ambientes, passar aquela sensação que fica na memória do público”, confessa o diretor.

O filme foi gravado em grande parte no espaço do Rio Centro, ambiente de eventos na cidade carioca. A produção de Muita Calma Nessa Hora 2 começou em fevereiro de 2013 e as filmagens em junho. Ao todo foram cinco semanas de gravação e o resto de pós-produção até o lançamento. “Estimo que este seja um sinal dos novos tempos do cinema brasileiro, porque uma das maiores reclamações dos cineastas é o tempo e a falta de profissionalismo. Estamos competindo de igual para igual com as produções americanas”, ressalta o ator Nelson Freitas, intérprete de Pablo, durante o bate-papo.

Se a competição pelas salas de exibição está igualitária, outros recursos também demonstram o crescimento do cinema nacional. As artimanhas de direção para “realizar” os shows foram perfeitamente conduzidas para eludir o público, ou melhor, fazê-lo se sentir em um evento na Cidade Maravilhosa. “As preocupações sensoriais foram as que mais me desafiaram. Por mais que a comédia tenha espaço para o absurdo, eu queria que o filme mostrasse o Rio de Janeiro e fosse crível”, revelou Joffily.

Orçamento e expectativas

Com o orçamento três vezes maior do que o primeiro filme, Muita Calma Nessa Hora 2 investiu bastante em tecnologia, mas o roteiro de piadas e os comediantes continuam a ser o seu maior atrativo. As quatro meninas agora estão dispersas na trama e só compartilham a cena inicial e a final. Por outro lado, a trama ganha vida com as participações de Alexandre Nero, Helio De La Peña, Rafael Infante, Luis Lobianco, Daniel Filho e Otavio Mesquita, além dos músicos Jota Quest, Marcelo D2 e Maria Gadú.

Apesar de não está nos planos de Mazzeo ou Casé, uma continuação nunca é descartada. O mais importante para eles, no entanto, é a fomentação e o crescimento do cinema nacional. “Quando a gente resolveu fazer o primeiro filme não tinha muitas comédias em cena, a única que tinha dado certo era Se Eu Fosse Você [2006], de Daniel Filho, e estávamos na seara do favela movie. Queríamos fazer algo em homenagem à comédia no Brasil”, comenta Mazzeo.

De lá pra cá, o gênero ganhou força total no país e tem obtido as maiores bilheterias entre as produções brasileiras. Os três campeões nacionais de audiência em 2013 eram comédias e Muita Calma Nessa Hora 2 volta com maior número de patrocinadores atrás desse público sedento por risos no escurinho.

“As comédias são importantes para trazer ao cinema um público que não tinha o hábito de ver filme brasileiro. Em um primeiro momento, ele vai ver um gordinho engraçado, um ator da Globo, mas a partir disso, ele vê O Palhaço [de Selton Mello, 2011], um suspense, ou filme de terror do Fagundes [Quando Eu Era Vivo]”, idealiza Bruno Mazzeo.

Deixe um comentário